sexta-feira, 30 de julho de 2010

Uma Carta

Há nove anos quando salas de bate-papo eram novidade e um meio inovador de conhecer outras pessoas, conheci uma garota que se chamava Juliana de Catanduva-SP, não existia o final de semana que deixávamos de conversar pelo bate-papo a cada momento eram assuntos diferentes e diversos, nunca havia conversado tanto com outra pessoa, então seguramente passamos a trocar endereços e telefones. Sim, era minha “e-lover” que desde então enviava cartas a ela e vise versa. Em uma de suas havia uma história, longa e triste que se chamava loja de cds.

“Catanduva 29 de junho de 2001

Loja de cds

. Era uma vez um garoto que nasceu com uma doença que não tinha cura. Tinha 17 anos e podia morrer a qualquer momento. Sempre viveu na casa de seus pais, sobre o cuidado constante de sua mãe.

. Um dia decidiu sair sozinho e, com a permissão da mãe caminhou pela sua quadra olhando as vitrines e as pessoas que passavam. Ao passar por uma loja de discos, notou a presença de uma garota, mais ou menos de sua idade, que parecia ser feita de ternura e beleza. Foi amor a primeira vista, abriu a porta e entrou sem olhar para mais nada que não a sua amada, aproximando timidamente, chegou ao balcão onde ela estava.

. Quando o viu, ela deu-lhe um sorriso e perguntou se podia ajuda-lo em alguma coisa. Era o sorriso mais lindo que ele já havia visto, e a emoção foi tão forte que ele mal conseguiu dizer que queria comprar um cd. Pegou o primeiro que encontrou, sem nem olhar de quem era, e disse:

- Esse aqui...
- Quer que embrulhe para presente? – Perguntou a garota sorrindo ainda mais...

Ele balançou a cabeça para dizer que sim dizendo:

- É para mim mesmo, mas gostaria que você embrulhasse.

. Ela saiu do balcão e voltou pouco depois, com o cd muito bem embalado. Ele pegou o pacote e saiu louco de vontade de ficar por ali admirando aquela figura divina.

. Daquele dia em diante todas as tardes, voltava à loja de discos e comprava um cd. Todas às vezes a garota deixava o balcão e voltava com um embrulho cada vez mais bem feito, que ele guardava no closet, sem sequer abrir. Ele estava apaixonado, mas tinha medo da reação dela e assim por mais que ela sempre o recebesse com um sorriso doce, não tinha coragem para convida-la para sair e conversar. Comentou sobre isso com sua mãe, ela o incentivou muito a chama-la para sair.

. Um dia, ele se encheu de coragem foi para a loja como todos os dias comprou outro cd e como sempre ela foi embrulha-lo. Quando ela não estava vendo, escondeu um papel com seu nome e telefone no balcão e saiu da loja correndo. No dia seguinte o telefone tocou e a mãe do jovem atendeu. Era a garota perguntando por ele. A Mãe desconsolada nem perguntou quem era e começou a soluçar e dizer:

- Então, você não sabe? Ele faleceu esta manhã.

. Mais tarde a mãe entrou no quarto do filho, para olhar suas roupas e ficou surpresa com a quantidade de cds, todos embrulhados, ficou curiosa e decidiu abrir um deles. Ao faze-lo viu cair um pequeno pedaço de papel, onde estava escrito:

- Você é muito simpático, não quer me convidar para sair? Eu adoraria.

. Emocionada, a mãe abriu outro cd e dele também caiu um papel que dizia o mesmo, e assim todos quantos que ela abriu traziam uma mensagem de carinho e a esperança de conhecer aquele rapaz.

Assim é a vida: não espere demais para dizer a alguém especial aquilo que você sente. Diga-o já; amanhã pode ser muito tarde.”

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